Será a reciclagem suficiente?

Desde que a humanidade começou a organizar-se em sociedades de grande escala — sendo a Grécia Antiga um dos exemplos mais antigos de que há registo —, a produção e a consequente gestão de resíduos tornaram-se questões fundamentais para os governantes dessas sociedades.

É sabido que, já na Grécia Antiga, entre o século IX a.C. e 476 d.C., os resíduos produzidos pela metrópole eram transportados para cerca de dois quilómetros além das muralhas, de modo a evitar o contacto direto com a população.

Com o passar dos séculos e, apesar dos avanços tecnológicos, a quantidade de resíduos aumentou, mas não de forma significativa. Como consequência, as tecnologias de reciclagem — que consistem em reaproveitar resíduos e transformá-los para serem utilizados novamentenão evoluíram de forma notável.

Apenas no século XIX, durante a Revolução Industrial, o grande aumento da produção de resíduos e a sua diversificação (deixaram de ser apenas orgânicos e passaram também a ser eletrónicos, químicos e até radioativos) começaram a tornar-se um problema realmente grave para a população.

No entanto, durante décadas, todos esses resíduos continuaram a ser descartados sem qualquer tipo de tratamento, danificando solos e oceanos em todo o mundo, com consequências inimagináveis e, muito provavelmente, irreversíveis.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial e com o boom dos materiais descartáveis, surgiram, nos anos 70, nos Estados Unidos da América, os primeiros movimentos ambientalistas. Uma década depois, nasceu o termo “eco-desenvolvimento”, cujo objetivo era fomentar a pesquisa, a investigação e a discussão sobre o tema.

A partir dos anos 90, praticamente todos os países desenvolvidos começaram a implementar a recolha seletiva de resíduos e a criar infraestruturas para a sua reciclagem. Em 1996, foi criada, em Portugal, a Sociedade Ponto Verde, com o objetivo de gerir a reciclagem no país. Desde então, já foram recicladas cerca de 7,5 milhões de toneladas de resíduos.

A União Europeia, da qual Portugal é membro, estabeleceu a meta de reciclar, até 2025, 65% dos resíduos produzidos. No entanto, essa meta dificilmente será cumprida por todos os países, levando a Comissão Europeia a instaurar processos contra os Estados-membros para incentivar o cumprimento dos objetivos.

Com o avanço do aquecimento global e o crescente impacto das alterações climáticas, será a reciclagem suficiente para travar estas mudanças? Obviamente que não. Será necessária uma mudança drástica por parte das grandes empresas, especialmente no que toca à redução do uso de combustíveis fósseis.

Contudo, enquanto isso não acontece, nós, como cidadãos, devemos fazer o que está ao nosso alcance: reciclar o máximo possível e da melhor forma!

https://www.deco.proteste.pt/sustentabilidade/artigo/metas-reciclagem-portugal-repreendido-incumprimento

https://recicla.pt/ideias-sustentaveis/dia-mundial-da-reciclagem-sabe-como-tudo-comecou/