Com os avanços de uns e os recuos de outros será que conseguimos chegar ao nosso objetivo a tempo?

As notícias desta última semana, de que este mês de janeiro foi o mais quente desde que há registos, apenas confirmam o que todos já sabemos, ou que pelo menos deveríamos saber: as alterações climáticas são um problema REAL e bem mais urgente do que a maioria das organizações governamentais faz parecer.

Com a situação cada vez mais perto de ultrapassar o ponto de não retorno, notícias como estas deveriam certamente alarmar todas as pessoas do globo e, claro, levar a uma decisão em massa de todos os governos para travar rapidamente esta catástrofe aparentemente lenta, mas definitivamente letal, pelo menos para nós, seres humanos. No entanto, isso não está a acontecer e parece cada vez mais distante.

Existem vários motivos para isso, desde razões políticas, como a decisão de Donald Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris pela segunda vez, o que pode ter consequências negativas irreversíveis para o objetivo do acordo. Sendo os EUA o segundo maior poluidor do mundo, esta decisão pode influenciar outras nações com governos mais alinhados à direita, como a Argentina e alguns países do Médio Oriente e sudoeste asiático, que já assumem posições mais capitalistas e, portanto, menos ambientalistas, levando-os a recuar ainda mais nesta questão tão urgente.

 

Além disso, as guerras que cada vez mais assolam o nosso mundo, derivadas de razões políticas, dificultam o avanço na luta contra as alterações climáticas. Governos preocupados com a sobrevivência imediata dos seus habitantes têm outras prioridades, embora, como espécie, devíamos ser capazes de ultrapassar as diferenças que originam esses conflitos e tornar o combate ao aquecimento global a nossa principal prioridade. Contudo, por razões históricas, sociológicas e antropológicas, é praticamente impossível que isso aconteça.

Apesar destes desafios, ainda existe esperança. Essa esperança vem de notícias que mostram que, tanto na Europa como no Nordeste Asiático, a percentagem de energia proveniente de fontes renováveis aumenta a cada ano que passa. A questão é se esse aumento é suficientemente rápido.

 

Portugal tem sido um exemplo nesse esforço, com decisões tomadas nos últimos anos que permitiram a criação e a expansão de parques de produção de energia renovável, como a eólica e a solar. Esta última pode, ainda este ano, tornar-se a fonte de energia com mais capacidade instalada no país, elevando o total de capacidade instalada em energias renováveis para mais de 20 gigawatts.

 

Será o esforço de um lado do planeta suficiente para igualar e combater as consequências das ações realizadas pelo outro? Só o tempo dirá. Para que a resposta seja sim, precisamos continuar com os nossos esforços e influenciar outros a fazer o mesmo, rumo a um futuro mais verde, melhor e, acima de tudo, existente.

 

Autor: Mário Farinha

Referências:

https://expresso.pt/sustentabilidade/crise-climatica/2025-02-06-mes-de-janeiro-de-2025-foi-o-mais-quente-ja-registado-no-mundo-b1115ecb

Portugal ganha dois gigas de renováveis à boleia do solar